domingo, 11 de dezembro de 2011

Retrospectiva


Me sinto confortável, preenchida de mim mesma. 
É possível? No momento, digo que sim.
Não alcancei metade dos meus objetivos. E a cada vez que atinjo um, crio inúmeros outros.
Não conheci todos os lugares que gostaria.
Não conheci tanta gente interessante quanto baste.
Não dancei todas as músicas que me atingem.
Não chorei todas as lágrimas que preciso.
Não sorri todos os sorrisos que desejo.
Pelo simples fato de que desconheço este número. Um infinito cognitivo.
E assim me sinto bem.
A cada oportunidade de descobrir lugares, conhecer pessoas, ouvir músicas, chorar, sorrir, eu tento agarrá-las. Nem sempre sou bem sucedida nas escolhas que faço. Mas e daí? O tal arrependimento após fazer uma estupidez dói. Dói muito mais o arrependimento do “não-feito”. Alguém discorda desse lugar-comum?
Nessa perspectiva, eu me agarro.
Me despindo de auto-piedade, tentando controlar minha (cruel) auto-crítica e alimentando minha liberdade com novas ações.
Que tal tentar? Neste caminho, você pode se surpreender. E surpresas podem ser extremamente lindas e emocionantes. 



domingo, 27 de novembro de 2011

Fugacidade


Para onde for, deixa que leve...

Mesmo que a rota seja indecifrável,
mesmo que o caminho seja inconstante,
deixa que leve...

Mesmo que os objetivos não sejam idênticos,
mesmo que o par mude,
deixa que leve...

Mesmo que os olhos não fotografem tudo,
mesmo que os ouvidos não gravem detalhes,
deixa que leve...

Na intensidade infinita,
de uma liberdade indefinida,
deixa a tua vida leve!

sábado, 22 de outubro de 2011

Em Dezesseis Linhas


Não me importo com sua condição
Seu sobrenome, sua conta bancária, sua moradia ou sua família atrapalhada
Me importo com seu coração
Seu sorriso constante, suas belas palavras, sua melodia e sua boca molhada

Não me incomodo com seu pensar
Seus amigos no bar, sua voz alterada, suas piadas ou outra limitação
Me incomoda sua falta de tato
Seu machismo inato, seus olhares furtivos, suas mentiras e insubordinação

Pude perceber que isso já não me basta
O que me agrada em você, é fácil de encontrar
O que me irrita é que já não consigo mais suportar
Então, faço uma proposta:

Eu sigo minha vida, encontro alguém importante
Um bom trabalho, uma casa na praia e algumas doses de espumante
E quanto a você,
Que tal ir se f*der?  


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Auto-percepção (ou discurso do observador)


Quem é a verdadeira?
Aquela que já foi? 
Ou aquela que ainda é?
Das muitas mudanças,
Nas muitas nuances,
Não reconhece nem a própria face.
Se diz satisfeita com o atual momento,
Assim como era em tempos passados.
Vejo-a demonstrar confiança...
Um olhar de quem sabe o que faz.
Mas há dúvida,
Há incerteza.
E só seu travesseiro conhece.
Talvez algum confidente, quem sabe?
...
Ela acha engraçado quando a questionam sobre as notórias diferenças.
E sempre pergunta: para melhor ou para pior?
Eu digo, garota:
Você nunca mudou.
Roupas, cabelo, ações, palavras, conceitos e pensamentos...
Esses diferem com os anos e as experiências
Mas o essencial,
Que me desculpe Saint-Exupéry,
Esse é visível aos olhos.
De quem vê com a alma.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Espelho



Agindo assim,
De acordo com o que pensa,
Sempre haverá JULGAMENTO.
Melhor ser como os outros
Que fazem e falam aquilo que é esperado.
Ao que parece, é assim que se constroem relacionamentos
DURADOUROS
Mas nem sempre FIEIS.

Agindo assim,
De acordo com o que pensa,
Sempre haverá SOFRIMENTO.
Melhor ser como os outros,
Que antes de se ferirem, resolvem abandonar o perigo.
Ao que parece, é assim que se torna
ADMIRÁVEL
Mas nem sempre FORTE.

Agindo assim,
De acordo com o que pensa,
Sempre haverá QUESTIONAMENTO.
Melhor ser como os outros
Que possuem intocáveis reputações.
Ao que parece, é assim que se torna
BEM-SUCEDIDO
Mas nem sempre LIVRE.

Expor sua identidade, sua verdade, é sempre a escolha mais difícil. Aparentemente, isso o torna frágil. Sou da opinião contrária. Acredito que, quanto mais você se esconde e absorve “personas” que são impostas por outros, mais irreconhecível você se torna. Quando você já não sabe mais no que se tornou, mais estúpidas serão as suas ações.
Pelo menos é assim que eu vivo. Fazendo escolhas difíceis e agindo em concordância com o que penso. Nem sempre é certo para todos. Mas, QUEM diz o que é certo PARA TODOS? 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O mais trágico (e belo) dos dias!

De coragem, se vestiu.
Cansou de esperar, cansou de observar.
Foi lá e fez.
Em um instante, as luzes surgiram.
Com a certeza de um novo tempo,
ela re refez.
E sofreu.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Teus defeitos

Já foram engraçadinhos, suportáveis, dispensáveis.
Hoje, são apenas irritantes.
Odeio tudo isso.
Às vezes, odeio até tua presença
[e tua insistência em ver TV

Vestem-se de confiança.
Traduzem-se em intimidade.
Configuram-se uma entrega total e irrestrita.

Tuas virtudes me atraíram e levaram-me a ti.
Mas teus defeitos me fizeram ficar.



quinta-feira, 7 de julho de 2011

No chat...

Eu, invisível.
Vc, disponível.
Fico ansiosa ao “ver” você,
Clico no seu nick...
Os olhos e o sorriso mais lindo que meu computador já registrou.
Leio sua mensagem pessoal...
Seria uma indireta para quem?

Eu, invisível.
Vc, ocupado.
Sua janela continua aberta,
Mas parece que o sol não entra...
Um erro de português na sua nova mensagem pessoal.
Controlo minha arrogância e não o corrijo...
Afinal, ocupado para quem?

Eu, invisível.
Vc, ausente.
Relembro os momentos que compartilhamos,
Leio mensagens antigas...
Me corroi a lembrança dos seus braços.
E se meu sorriso também alcançar você?
E por que não tentar?

Eu, disponível.
Vc, off-line.

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Apenas mais uma de amor"

Dia desses, estava discutindo com uma amiga sobre paixões platônicas. Ela, psicóloga, me dizia que todo mundo já teve uma paixão platônica na vida. Eu, com todo orgulho do mundo, dizia que não. Que o máximo que tive foi uma obsessão pelo Leonardo DiCaprio período “pré-Titanic”, mas que passou super rápido. E que mesmo nessa fase adolescente, isso não se configurava uma paixão, mas uma grande admiração.
Daí, hoje, por acaso, eu encontrei essa carta antiga que fiz pra meu ex-namorado e que ele nunca chegou a ler (nem irá). Vou transcrever uns trechos dela aqui:

...
Tudo que tenho de você são lembranças. Tudo que sei sobre você está no passado.
O que alimenta este sentimento? O que há de real entre nós dois?
Eu sei que não há concretude ou solidez em sentimentos e sensações, mas ainda busco racionalidade no meio dessa minha loucura...
E a sensação que tenho é que perdi. Meu maior desejo é te reencontrar. E não há quem não saiba da existência e da importância que você tem em minha vida. Mas sinto que isso não acontecerá.
...
Meu quarto tem referências suas. Minhas fotos tem lembranças suas. Minhas preferências culinárias, musicais e literárias refletem sua influência em mim. Agora me diz: o que eu faço com isso tudo?
Já tentei fugir, me desvencilhar, te substituir, me anular... nada!
...
Penso em você. Rio com você. Choro por você. Sonho com você. AMO VOCÊ.

Agora eu percebo. Isso nada mais era do que um AMOR PLATÔNICO. E aqui falo no senso comum. Na IDEIA que temos de um amor platônico.  Sabe aquele em que a pessoa é alvo do seu desejo, dos seus pensamentos e não tem noção disso? Às vezes ela nem sabe que você existe? Pois é... É desse amor platônico que estou falando. Não quero aqui filosofar ou discutir psicologicamente os aspectos científicos e exatos deste termo.
Enfim...
Um amor platônico não necessariamente envolve artistas, professores, primos mais velhos ou qualquer outra figura imponente. Às vezes, envolve seu namorado. Será que você não está vivendo um amor platônico AO LADO do seu objeto de desejo e ainda não percebeu isso?
Se me der licença para dar algum conselho, do “alto” dos meus 25 anos, te direi:
Não vale a pena. Ter um troféu frágil não é tão valioso quanto dividir pequenas derrotas com quem te ama de verdade. 


domingo, 3 de julho de 2011

Na boate...

E aqui estou eu...
Dedicando a você, em pensamento, todas as canções de amor que gosto.
Discutindo um filme francês que a gente viu e você não entendeu.
Escolhendo o presente que darei quando completarmos nosso primeiro aniversário de namoro.
Definindo o colégio que a Maria estudará e qual instrumento o Caio tocará. (Maria, sendo a filha mais velha, e Caio, o filho-problema).
Decidindo se é melhor criarmos um labrador ou um Cocker.
Casa com piscina ou jardim? Ou os dois?
Ah...esquece. Sempre sou eu que escolho mesmo.
“Oi..”
“Oi...Tudo bem?”
“Qual teu nome?”
“Clara.”
“Prazer, Clara. Me chamo Jr. Qual teu signo?”
...
Melhor nos separarmos. Não acredito em astrologia.
...
Me dá mais uma dose de Vodka, por favor?



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Repetição


Ao passo de cada escolha errada,
à luz de cada frágil investimento,
sigo um caminho, numa linha tortuosa pelo tempo.
Onde recolho cada pedaço meu
e descubro,
ao fim da estrada,
que neles sempre encontravam-se
vestígios teus. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"É impossível ser feliz sozinho"

     Isto é fato. Tentei me valer de toda argumentação feminista, libertária e hedonista impregnada em mim para justificar o oposto. Mas não consegui.
     Ir ao cinema sozinha? Ok. Faço com maior prazer. Vou sozinha porque gosto mesmo. Às vezes, quando se vai acompanhada, perde-se a atenção nas melhores cenas. Por diversos motivos: beijos, observações óbvias que seu acompanhante faz ou, pior, ele(a) está falando e rindo tão alto e desesperadamente que faz você se afundar na cadeira do cinema até virar algo entre uma migalha e um farelo...
     Ficar sozinha em casa, vendo filme, navegando na internet, lendo, ouvindo músicas boas? Meus programas preferidos para um dia de semana que não trabalho, ou um fim-de-semana que busco tranqüilidade. Realmente adoro. Há dias em que escolho isto a sair pra uma festa qualquer, ouvir música de plástico e conversar com bêbados irritantes.
       Mas...
     Quão boa é a sensação de chegar de viagem e chamar um amigo pra falar sobre todas as maravilhas e aventuras que passou? Há algo melhor do que compartilhar um momento de euforia desmedida quando, em um show, toca aquela música que você realmente ama e acha que foi feita exclusivamente para você? Existe maior alegria em perceber que a cumplicidade é tão grande que, basta olhar um para o outro, para que a mensagem seja transmitida? 
     Não há nada melhor do que dividir...
Sorrisos,
Lágrimas,
Olhares,
Palavras.


             Este post é uma lembrança àqueles que me fazem Feliz. 
            Verdadeiramente feliz.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Insight


São tantas luzes...
Alvorada e entardecer,
Artificiais e naturais.

E o escuro?

Esse é superestimado.
Companheiro de festas,
Refúgio aos tímidos
e casais salientes!
Mas, mesmo aqueles
Que se dizem tão fieis a essa ausência de cores,
Seres tão noturnos,
Procuram a luz,             
Procuram a lua.
Veneram, vendem, compram, admiram
Luzes neon, piscantes...
Pulsantes!
Em copos e gelos,
“para aparecer”, dizem.

Um filete de luz é suficiente para uma boa leitura
Um videogame
O computador
O celular
A televisão
Até a geladeira, você vê?!

Reflexo num espelho d’água,
Luz dos olhos,
Dar à luz!

Porque essa mania de gostar do que não se pode ver?
Do que não se pode ser?
Pensei e descobri, ao contrário do que pensei,
Que eu gosto mesmo
É de...
Clarificar!